O distrito de Cariparé amanheceu mais colorido na sexta-feira(08), não apenas pelas bandeirolas e luzes que enfeitam suas ruas, mas pelo brilho nos olhos de quem sabe que agosto, aqui, tem som, cheiro e sabor próprios. É o mês em que a festa de São Lourenço, padroeiro local, transforma a paisagem em devoção e alegria. E, na noite de abertura, a promessa se cumpriu em grande estilo: Ademir Rodrigues aqueceu os corações, Sérgio Silva embalou os primeiros casais na pista, Toque Dez fez a energia subir, Os Topes do Swing com Zé Domingos espalharam suingue irresistível, e os DJs Doura e Jully prolongaram a festa até o amanhecer, deixando no ar o convite para continuar dançando.
E a festa continua. Neste sábado, Cariparé volta a ser palco de um desfile sonoro: Wglemerson Lima, O Pisadão do Tocantins, Jefinho Fernandes, Pegada do Povo, Chefões do Forró e Zau prometem manter o ritmo aceso até a última música. Amanhã, domingo, será o encerramento oficial — um adeus que nunca é definitivo, pois tradição, aqui, é promessa de retorno.
O prefeito Moab Santana não escondeu o orgulho ao falar sobre a estrutura montada: barracas bem distribuídas, banheiros químicos suficientes, segurança reforçada e todo o cuidado para receber moradores e visitantes com conforto e hospitalidade. “É uma alegria ver Cariparé vibrando com tantas famílias reunidas, tanta gente feliz. Nossa cidade respira festa e respira união”, afirmou, com a satisfação de quem vê o município inteiro se mobilizar por um só propósito: celebrar.
Para o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Ronaldo Ursulino, a Festa de São Lourenço é também uma vitrine para a riqueza natural e cultural de Riachão. “Temos rios, serras, grutas, nascentes, arte rupestre, tradições quilombolas… tudo isso é patrimônio. E patrimônio precisa ser cuidado, promovido e transformado em orgulho para as próximas gerações”, ressaltou, lembrando que cada evento é também oportunidade de mostrar que fé, cultura e natureza podem caminhar juntas.
Mas Cariparé é apenas um capítulo de um livro de festas que Riachão escreve o ano inteiro. Em janeiro, as rezas e sambas de Reis percorrem os povoados, mantendo viva uma herança que atravessa séculos. Março chega com a Festa de do distrito de São José do Rio Grande, onde o sagrado e o profano se encontram na praça principal. Em maio, é a vez da Festa de Santa Cruz da Alfavaca, celebrada com missas, procissões, apresentações culturais e shows que fazem a pequena localidade parecer grande aos olhos de quem participa.
O sexto mês do ano é sinônimo de fogueiras acesas e música no ar. Junho aquece corações com Santo Antônio na Barra do Riacho, o Divino Espírito Santo na Tapera e São Pedro em Pajeú de Canudos. A sede, o povoado de Prazeres e o distrito de Entroncamento também se vestem de bandeirolas, promovendo quadrilhas, sanfonas e noites que cheiram a milho assado e amendoim torrado.
Julho é um mês especial: o aniversário do município, no dia 19, se mistura à novena e aos festejos de Sant’Ana, padroeira de Riachão. São dias intensos de devoção, quermesses, shows e a tradicional levantada e derrubada do mastro, ritos que unem gerações.
E agosto é apoteótico. Além de Cariparé, o distrito de Riachão do Pintor recebe, de 4 a 6, a festa em honra ao Bom Jesus, atraindo fiéis e turistas. É também o mês dos reencontros familiares nas comunidades de características quilombolas e povoados mais afastados, quando filhos da terra retornam para renovar laços e memórias.
Comparar Riachão a cidades como Salvador, Bom Jesus da Lapa ou Senhor do Bonfim é injusto para quem mede cultura apenas por multidões. Aqui, o valor está na intensidade e na diversidade. De janeiro a agosto — e, na verdade, o ano todo — sempre há um motivo para festejar.
E suas belezas e riquezas naturais reforçam o convite: a Serra dos Tapuias, com suas nove nascentes; o riacho dos Canudos; o Rio Grande e o Rio Branco, que irrigam histórias; e a Gruta de Sarapó, guardiã de pinturas rupestres que ecoam saberes antigos. Tudo isso é cenário e inspiração para um povo que sabe transformar qualquer canto em palco.
Talvez por isso, quem vem a Riachão das Neves leva mais que lembranças: leva a certeza de que, aqui, cada festa é um reencontro com a própria identidade. Que cada mastro erguido é um ato de resistência cultural. Que cada acorde, seja de tambor, pandeiro, sanfona ou guitarra, é história sendo escrita diante dos nossos olhos.
E, para quem ainda não viveu isso, o convite está feito: hoje e amanhã, Cariparé segue pulsando ao compasso de São Lourenço, fechando mais um capítulo dessa narrativa coletiva — um livro que não conhece ponto final.
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo – Governo Municipal: Desenvolvimento e Responsabilidade
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Fotos: Ronaldo Carvalho