Ele voltou a defender a redução de impostos vinculados ao produto como saída para a queda nos valores.
Bolsonaro afirmou que o preço do botijão de gás poderia cair pela metade se os impostos fossem zerados. “Com a venda direta, ele vai cair a metade do preço. Não justifica na origem custar R$ 50 e na ponta da linha custar R$ 130. Esse preço vai cair pela metade, pode ter certeza, se Deus quiser.”
A afirmação foi feita durante visita a Boa Vista, em Roraima. A agenda fez parte da comemoração de mil dias do governo Bolsonaro.
Em discurso, o presidente celebrou ainda a decisão do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), de reduzir o valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no estado. Aliado de primeira hora do presidente, Denarium aproveitou o ato para sancionar uma lei estadual que reduz a alíquota do tributo sobre o gás de cozinha de 17% para 12%.
“No início do ano, zerei os impostos federais no gás de cozinha, a mesma coisa vem fazendo o nosso governador Wilson Lima do Amazonas. O preço do gás onde é engarrafado no botijão de 13kg está na casa dos R$ 50. Não justifica na ponta da linha estar custando em média R$ 130”, disse Bolsonaro.
Apenas em 2021, no Brasil, o preço médio do botijão de 13 quilos subiu 30%. No ano, a Petrobras aumentou seu preço de refinaria em 38%, acompanhando a recuperação do petróleo e a desvalorização cambial.
O cenário vem levando famílias de baixa renda a optar por lenha ou carvão para cozinhar, o que gerou no Congresso um esforço para aprovar um subsídio para a compra do combustível.
A escalada da cotação internacional do propano, matéria-prima para o gás de cozinha, joga ainda mais pressão sobre os preços.
Impulsionada pela demanda chinesa por matérias-primas petroquímicas, a cotação do propano na região do Golfo do México, nos Estados Unidos, subiu quase 15% em um mês. Em 2021, o valor do produto tem alta acumulada de 96%.
A Petrobras não reajusta o preço do gás de cozinha desde o início de julho, quando promoveu aumento de 6%, e vem operando abaixo da paridade de importação calculada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) há três semanas consecutivas.
Nesta terça-feira (28), durante evento na cidade de Teotônio Vilela (AL), Bolsonaro esteve ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu que o ICMS para combustíveis tenha um valor fixo e não uma alíquota variável de acordo com o preço do produto nos postos.
Em Roraima, Bolsonaro disse que Arthur Lira garantiu que colocará em votação nesta quarta ou quinta, na Câmara, um projeto para determinar um valor fixo do ICMS a ser arbitrado pelos governadores.
“Não estamos interferindo no ICMS, afinal isso não é competência minha. Mas, quando cada estado fixar um valor, vocês poderão comparar esse valor com o valor do imposto federal, com a margem de lucro do dono do posto, bem como no valor do transporte. Vocês saberão a causa do valor do diesel, da gasolina e do etanol está no valor atual”, disse o presidente.
Bolsonaro ainda afirmou que não quer confronto com os governadores, mas sim um entendimento em prol da redução do valor da gasolina. O presidente reafirmou que não fez aumentos nos preços dos impostos ligados aos combustíveis desde o início do governo.
Bolsonaro foi a Roraima acompanhado dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bento Albuquerque (Minas e Energia), João Roma (Cidadania), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), que participaram da cerimônia.
Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos) também acompanhou a visita, assim como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, atualmente secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência. Deputados federais, estaduais e senadores também estiveram na agenda.
Os atos fazem parte de uma sequência de eventos de Bolsonaro para celebrar a semana em que completa mil dias de mandato, momento em que registra o pior patamar de reprovação ao governo desde que tomou posse.
A ideia do presidente é fazer viagens para todas as regiões do país, num esforço concentrado para apresentar entregas como estradas, casas populares e até hidrelétricas.
Com as viagens e os eventos, Bolsonaro espera recuperar parte da sua popularidade. Segundo o Datafolha divulgado na semana passada, 53% da população considera a gestão do presidente ruim ou péssima, um novo recorde.
Na agenda em Roraima, o presidente Bolsonaro inaugurou a Usina Termelétrica de Jaguatirica, assinou contrato sobre concessão de aeroportos e fez transferência de glebas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o estado.
Pela manhã, na chegada a Boa Vista, apoiadores fizeram um passeio de moto para saudar Bolsonaro. A comitiva presidencial fica na capital de Roraima ao longo da tarde para encontros políticos.
A cerimônia em que Bolsonaro participou pela manhã inicia a fase de testes da Usina Termelétrica Jaguatirica II em Roraima, o único estado brasileiro que não está conectado ao SIN (Sistema Integrado Nacional). Anteriormente, a transmissão de energia do estado vinha da Venezuela, mas foi definitivamente interrompida em 2019, com a crise econômica, social e política no país vizinho.
A construção do complexo foi resultado de um leilão feito em 2019 pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para atender Boa Vista e regiões conectadas com energia elétrica. A vencedora do pleito foi a empresa Eneva, que investiu R$ 1,8 bilhão no projeto. A usina deve abastecer cerca de 70% do consumo de energia em Roraima a partir do gás natural extraído do campo de Azulão, no Amazonas, e o material liquefeito será enviado até o local por rodovia.
A previsão é que a usina entre em operação comercial ainda este ano, substituindo a energia gerada por termelétricas que atualmente operam com óleo diesel, mais poluentes e custosas -o sistema isolado de Roraima custa, em média, R$ 8 bilhões por ano e R$ 5 milhões diários. Essa despesa é dividida entre todos os consumidores de energia elétrica do país na Conta de Consumo de Combustível (CCC).
Para que Roraima seja ligada ao Sistema Integrado Nacional, existe o projeto do Linhão de Tucuruí, que ligaria Manaus (AM) a Boa Vista por meio de 720 quilômetros de torres de transmissão, que está pendente há dez anos porque parte da obra atravessaria a Terra Indígena Waimiri-Atroari, entre os dois estados.
Os indígenas eram contra a instalação das torres, mas recentemente aceitaram discutir a possibilidade sob a condição de que o governo federal faça compensações socioambientais e evite a danificação do território. O Ministério de Minas e Energia afirma que a linha de transmissão está em fase final de licenciamento ambiental e que, após a aprovação, as obras devem durar cerca de 36 meses.
Bolsonaro também celebrou a assinatura de contratos de concessões por 30 anos de sete aeroportos da Região Norte: Boa Vista (RR), Manaus (AM), Tabatinga (AM), Tefé (AM), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Cruzeiro do Sul (AC). A vencedora do leilão foi a empresa francesa Vinci Airports SAS, que já opera o aeroporto de Salvador (BA) e arrematou os sete terminais da região Norte por R$ 420 milhões.
Fonte: Bahia Noticias