Os investimentos estaduais estão transformando a Bahia em um modelo do uso de tecnologia. Cidades monitoradas por câmeras capazes de identificar automaticamente pessoas suspeitas e placas de carros melhoram a segurança, o primeiro tomógrafo do Brasil com inteligência artificial reforça a saúde e, na educação, ao menos três sistemas visam fortalecer o ensino público. E esses são apenas alguns exemplos.
Os investimentos baianos em tecnologia atraem holofotes do mundo inteiro, como destaca o governador Rui Costa. “Eu recebi a Huawei, uma gigante chinesa, e ela nos informou que, pelo investimento que a Bahia está fazendo no segmento, montará aqui um centro de demonstração para a América do Sul do uso de tecnologia na administração pública”.
Segundo o governador, esse centro “vai incluir as áreas de segurança, saúde e educação, porque nós vamos avançar muito nisso. A Bahia é um estado gigantesco, do tamanho da França, e a tecnologia será cada vez mais nossa aliada, não somente para combater o crime, mas para levar educação, saúde e serviço público de qualidade para as pessoas”.
Em julho de 2021, Rui autorizou a expansão da tecnologia de câmeras de reconhecimento facial, sistema que já opera em Salvador, para mais 77 cidades baianas até o fim de 2022. O contrato prevê o investimento de R$ 665 milhões para a prestação do serviço. O projeto piloto foi implantado em novembro de 2018, com R$ 18 milhões investidos na aquisição das primeiras câmeras de reconhecimento facial. Instalados em locais de grande circulação na capital baiana, os equipamentos já localizaram 217 criminosos com mandados de prisão expedidos.
Atualmente, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) está em fase de teste das câmeras para serem usadas também nos fardamentos de policiais e bombeiros. Cinco marcas estão sendo avaliadas. Uma comissão foi criada e visitou outros estados que utilizam o mesmo tipo de equipamento. Após análises, a SSP deve realizar uma licitação para a implantação da tecnologia.
O Governo do Estado também investiu R$ 200 milhões na construção do Centro de Operações e Inteligência (COI), em Salvador, e de 22 Centros Integrados de Comunicações (Cicom) no interior do estado. Em alguns Cicoms, existem parcerias com as prefeituras, que disponibilizam câmeras, em pontos estratégicos, para serem monitoradas pelos policiais.
Tecnologia digital
O superintendente de Telecomunicações da SSP, tenente-coronel Renato Lima, explica que “com o projeto para a comunicação crítica no interior, que hoje é 95% analógica, ela passa a ser 100% digital. Outro projeto está em via de finalização, que é a utilização de câmeras nas viaturas e de câmera corporal nos policiais. Então, a gente vai ter uma atividade muito mais qualificada em termos de prevenção e da eventual repressão policial que se faça necessária. Também serão beneficiados os trabalhos dos bombeiros e da Polícia Técnica, que se somam e se completam ao trabalho da segurança pública como um todo”.
Lima informa que a capital e Região Metropolitana de Salvador passarão a ter um canal exclusivo de comunicação LTE, o mesmo utilizado pela telefonia celular. Por ser exclusivo, não haverá risco de interrupções, em caso de necessidade ou excesso de tráfego de dados. “Até agora, a gente trabalhava somente com dados e voz. Mas nós passaremos a trabalhar também com imagens. Esse recurso permite que o videomonitoramento seja qualificado. Por exemplo, se um veículo passa cinco vezes na porta de um banco, esse veículo passa a ser suspeito e monitorado. Então, a gente pode construir modelos de inteligência que vão permitir um resultado muito mais amplo em termos de segurança pública”.
Plataforma integradora
De acordo com o diretor de Tecnologia da Informação da SSP, capitão Jurandílson Nascimento, toda a tecnologia inteligente de imagens e vídeos converge para uma plataforma integradora. “Essa plataforma vai fazer toda a parte de gestão desses dados a trazer melhor eficiência no resultado da operação para a segurança pública. Ou seja, todos os alertas das câmeras serão processados nessa plataforma possibilitando que, de maneira mais célere, a ação que está sendo desencadeada a partir desse vídeo chegue na ponta, chegue na ocorrência policial”.
Nascimento informa que a imagem armazenada nas câmeras poderão ser disponibilizadas para a operação tanto em tempo real, quanto estarão armazenadas para utilização posterior, em provas processuais ou de excessos cometidos pela polícia. “A utilização da câmera corporal traz um viés de possibilitar uma prestação de contas e uma segurança ao policial pelo registro da sua atuação”.
Saúde
O Tomógrafo com Inteligência Artificial é um dos itens de um investimento muito maior na área da saúde. Em março de 2020, um dia antes da confirmação do primeiro caso de Covid-19 na Bahia, foi inaugurada a Central Integrada de Comando e Controle da Saúde do Estado da Bahia, onde estão abrigados a Central Estadual de Regulação (CER), o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) e a Central de Inteligência da Saúde, além da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). O prédio possui três pavimentos distribuídos em mais de 2,3 mil metros quadrados, que recebeu um investimento superior a R$ 13 milhões, sendo R$ 9,1 milhões na estrutura física e R$ 4 milhões em equipamentos.
Segundo o coordenador-executivo de Tecnologia da Sesab, Diego Cavalcante, os investimentos em tecnologia proporcionaram uma mitigação dos efeitos da Covid-19 na Bahia, que se manteve entre os estados brasileiros com menor letalidade. “Com essa forma de consolidar os dados, a gente unifica a regulação, traz a gestão de leitos e consegue incorporar isso com a inteligência artificial. Assim, nós produzimos as informações importantes para se tomar decisões rápidas, mostrando para o gestor o que é mais efetivo, como é que a gente vai salvar mais vidas ou o caminho para isso. Essa foi a maior importância da construção da Central Integrada de Comando e Controle”.
Cavalcante informa que foram criados, nos últimos quatro anos, 168 sistemas de acompanhamento na saúde, que geram relatórios em tempo real. “Isso é um grande avanço. Outros estados não conseguem ter essa velocidade que o nosso estado tem devido ao investimento tecnológico que o Governo da Bahia faz em tecnologia para a saúde. E o principal foco agora do nosso trabalho é o Prontuário Eletrônico Único. A gente vai conseguir que o cidadão tenha todo o acompanhamento de vida do SUS mapeada. Vamos acompanhar toda a trajetória do paciente, desde uma ida à UBS no interior, passando por exames e internamentos, proporcionando eficiência, rapidez e qualidade no atendimento. Nenhum outro estado tem um prontuário eletrônico vinculado ao Ministério da Saúde”.
Educação
A tecnologia aplicada à educação da rede pública estadual produziu três ferramentas que vão nortear toda a gestão da Secretaria da Educação (SEC) nos próximos anos. O aplicativo Escolado facilita as atividades diárias dos professores e gestores, promovendo também a comunicação entre a coordenação pedagógica e a família. O Sigeduc, sistema previsto para entrar em funcionamento em outubro, vai incorporar os dados da educação básica, como alimentação escolar, notas e frequência. Já as Salas Multiuso são espaços com suporte tecnológico diferenciado, para realização de aulas mais dinâmicas, interativas, bem como para experimentação de novas práticas pedagógicas.
O assessor de Tecnologia da SEC, Matteus Martins, afirma que a principal função das ferramentas é facilitar o fluxo de informações. “Tanto o Escolado quanto o Sigeduc trarão informações imediatas de qualidade, para que a gente possa contribuir para o desenvolvimento individual de cada estudante, de cada escola, de cada território, e portanto da própria educação da Bahia. Vamos poder monitorar, avaliar e tomar decisões sobre as políticas educacionais que vão de alguma maneira incentivar, intervir na aprendizagem e na formação de cada estudante. E a Sala Multiuso é o ambiente que contribui para a aprendizagem, trazendo o ensino médio com intermediação tecnológica, o nosso Emitec, para dentro de todas as escolas do Estado”.
As Salas Multiuso estão sendo implantadas com notebook, kit multimídia, TV, internet com distribuição wi-fi, canais de TV via antena parabólica e aulas do Emitec. No campo das metodologias ativas (centradas no estudante), as Salas Multiuso podem ser espaços para novas formas de aprendizagem, como aulões ao vivo conectados em rede (realizados em outros locais), aulas gravadas para reforço da aprendizagem, exibição de filmes e documentários (inclusive produzidos pelos próprios alunos), entre outras possibilidades que tornem a aprendizagem mais instigante.
Também foram pensadas como espaços para atividades lúdicas e criativas (com ou sem o uso de tecnologias digitais), tais como laboratórios de robótica, fotografia, atividades de monitoria, simulados on-line, atividades específicas para estudantes com deficiência, e o que mais for criado ou desenvolvido em cada escola.
Fotos: Fernando Vivas/GOVBA
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Fonte: Comunicação do Governo