Em mais um bate-cabeça no governo na crise dos combustíveis, a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) cogita um aumento temporário no valor do Auxílio Brasil como alternativa à desoneração de tributos federais sobre a gasolina, mencionada neste fim de semana pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
A opção de turbinar o benefício à população é por ora rechaçada no Palácio do Planalto e por outras alas do governo, que veem no corte de tributos sobre a gasolina uma maneira de aliviar a pressão sobre o bolso de taxistas, motoboys e motoristas de aplicativo —categorias que fazem parte da base eleitoral do presidente.
Já na equipe econômica, a ampliação do benefício tem a preferência dos técnicos porque seria uma medida mais focalizada. A desoneração acabaria alcançando também famílias de média e alta renda.
Por outro lado, o ministro da Cidadania, João Roma, diz que não há estudo a respeito de elevar o valor do benefício. “Desconheço qualquer tratativa a respeito do aumento do Auxílio Brasil”, afirmou Roma à reportagem. A pasta é responsável pelo programa social.
Qualquer iniciativa, porém, dependerá dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, defendem interlocutores de Guedes. A escalada do conflito manteria a pressão sobre os preços internacionais de petróleo e sobre o dólar, justificando medidas complementares para segurar o impacto nas bombas e até a decretação de calamidade.
O Congresso já deu aval ao corte das alíquotas de PIS/Cofins sobre o diesel e o gás de cozinha, mas ministros da ala política têm defendido novas ações imediatas para conter o preço dos combustíveis.
No sábado (12), Bolsonaro afirmou que poderia enviar um novo projeto para ampliar a desoneração também para a gasolina.
“Estava previsto fazer algo semelhante com a gasolina, o Senado resolveu mudar na última hora, caso contrário nós teríamos um desconto também na gasolina, que está bastante alta. Estudo a possibilidade de projeto de lei complementar, com pedido de urgência, estudo, né, para a gente fazer a mesma coisa com a gasolina”, disse.
A Economia, porém, teme uma desorganização das contas públicas. Zerar alíquotas de PIS/Cofins sobre a gasolina custaria R$ 23,8 bilhões. Um corte na Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) poderia resultar em renúncia de outros R$ 3 bilhões.
Fonte: BAHIA NOTICIAS