O veto do presidente Jair Bolsonaro à distribuição gratuita de absorventes íntimos para mulheres despertou reação de entidades que atuam no combate à pobreza menstrual. No Paraná, a coordenadora do Coletivo Igualdade Menstrual, Andressa Carmo, classificou a medida como um “imenso retrocesso”.
“São milhares de meninas e mulheres que são obrigadas a usar itens improvisados de absorção de fluxo, como papel higiênico, jornal, sacolas, areia e miolo de pão, que as impactam fisicamente, emocionalmente e psicologicamente todos os meses”, lamentou Andressa.
Na proposta, avalizada pelo Senado, os itens básicos de higiene deveriam ser distribuídos para estudantes de baixa renda de escolas públicas e mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema. Na decisão, a justificativa argumenta que o texto do projeto não estabeleceu fonte de custeio.
O Coletivo Igualdade Menstrual foi criado em março de 2020. Desde então, o projeto distribuiu mais de 200 mil absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade social em Curitiba e também na Região Metropolitana de capital.
A entidade também promove ações de conscientização e fornece orientações sobre os temas na página @igualdademenstrual.
Muitas mulheres não têm acesso a absorventes íntimos e formas adaptadas para conter o fluxo podem trazer riscos à saúde — Foto: Alice Sousa/G1
Para Andressa, o sentimento após o veto é de impotência. “Assegurar a saúde e a dignidade da população é dever do governo. Estamos fazendo o que o governo deveria fazer”, ressaltou.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, 25% das meninas entre 12 e 19 anos deixaram de ir à aula alguma vez por não ter absorventes.
“São aproximadamente 45 dias letivos perdidos por ano, o que aumenta a evasão escolar e a desigualdade de gênero. Os absorventes são direitos humanos, que já deveriam ser vistos como essenciais há muito tempo”, afirmou.
Paraná tem projeto de distribuição a partir de doações
No Paraná, uma lei de combate à pobreza menstrual foi sancionada no mês passado. Pelo texto, o estado prevê a distribuição gratuita de absorventes para às estudantes e população em vulnerabilidade social desde que os itens sejam adquiridos por meio de doação.
O g1 questionou o governo estadual se alguma ação foi feita após a sanção da lei e também um possível movimento para o estado fornecer o material sem necessidade de doação, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Ainda conforme a lei, o objetivo do projeto é também promover ações e mecanismos a fim de garantir meios seguros e eficazes na administração da higiene íntima das mulheres.
Fonte: G1 Noticias