O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (26) que, ao informar sobre o envio de fertilizantes da Rússia para o Brasil, que esses insumos garantem a sobrevivência do agronegócio e a segurança alimentar deste e de outros países, para os quais a produção brasileira é exportada.
Apesar da preocupação de que as sanções contra a Rússia causem um déficit de fertilizantes no Brasil, dados preliminares de embarque mostram pedidos sendo atendidos e navios se direcionando ao Brasil. Já noticiamos aqui, durando a última semana, pelo menos 27 navios transportando quase 678 mil toneladas de fertilizantes russos devem chegar aos portos do Brasil nas próximas semanas, de acordo com dados preliminares de embarque.
A afirmação do Presidente Bolsonaro, foi feita durante a abertura oficial da 23ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. “Quando estive, há poucas semanas, na Rússia tratando de fertilizantes, momentos antes do ataque ao país vizinho, fomos lá lutar por interesses do Brasil, porque não sobreviveremos sem fertilizantes”, disse o presidente.
“Neste momento, temos 27 navios russos navegando para o Brasil, para trazer fertilizante para o agronegócio, que é nosso orgulho. Não é apenas pela questão de divisas ou por representar um quarto do PIB [Produto Interno Bruto], mas para nossa segurança alimentar”, acrescentou. O Brasil é dependente da importação de fertilizantes. Segundo as estimativas levantadas, cerca de 85% da demanda interna de fertilizantes do país, é suprida pela importação de países como Rússia, Ucrânia e Canadá. Bolsonaro disse ter recebido pedidos de autoridades da Organização Mundial do Comércio (OMS) para que o Brasil aumentasse as exportações de alimentos. O pedido, segundo ele, deve-se ao fato de “o mundo não sobreviver sem os alimentos do Brasil”. “Nossa importância para o mundo todo é a responsabilidade que temos”, complementou.
O presidente lembrou que, ao dar títulos de terras a assentados, possibilitou parcerias entre agricultores familiares e fazendeiros. Transformamos assentados em cidadãos, que estão ao lado do fazendeiro, trabalhando em conjunto. O fazendeiro voltado ao agronegócio, e esse pequeno produtor voltado à agricultura familiar”, argumentou.
“NOSSA IMPORTÂNCIA PARA O MUNDO TODO É A RESPONSABILIDADE QUE TEMOS”, COMPLEMENTOU.
Um comerciante de fertilizantes disse que os acordos ainda são possíveis, já que unidades estrangeiras de empresas russas continuam atendendo pedidos, enquanto bancos não afetados pelas sanções ocidentais processam os pagamentos. As importações totais de fertilizantes e matérias-primas usadas para produzir adubos aumentaram 24,57%, para 9,795 milhões de toneladas no primeiro trimestre, segundo dados do Siacesp, um grupo do setor. Só as importações de cloreto de potássio saltaram 41,75% para 3,080 milhões de toneladas.
Esses volumes mostram que o Brasil continuou comprando mesmo com a alta dos preços e a guerra ameaçando atrapalhar as vendas de empresas na Rússia e na Belarus. Atrasos ou falta de fertilizantes colocariam em risco a temporada de grãos de verão no Brasil, que começará no último trimestre de 2022.
Os três maiores fornecedores de cloreto de potássio para o Brasil no primeiro trimestre foram a canadense Canpotex, cujos acionistas são a Mosaic e a Nutrien, a empresa da Belarus Potash Company e a russa UralKali, segundo o Siacesp.
A Mosaic, a norueguesa Yara e a brasileira Fertipar foram as três maiores importadoras, trazendo juntas 1,3 milhão de toneladas entre janeiro e março, mostraram os dados. A Fertilizantes Tocantins, da Eurochem, também importou cerca de 231.753 toneladas de cloreto de potássio no período, representando 7,52% do total.