Um dos refugiados da Ucrânia que chegaram em Brasília, nesta quinta-feira (10), conta que o grupo estava passando por apuros enquanto esperava a volta para o Brasil. Rony de Moura é uma das 68 pessoas que chegaram na aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB).
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Rony, que estava no final do curso de medicina, em Kiev, conta ter visto bombas caírem perto da casa onde morava. Segundo o jovem, o voo que trouxe os refugiados foi cansativo, mas o “alívio” ao pousar em solo brasileiro compensou qualquer dificuldade.
Rony de Moura é um dos brasileiros refugiados da Ucrânia, que chegaram à Brasília nesta quinta-feira (10) — Foto: TV Globo/Reprodução
“A aeronave não é nada confortável, mas conforto era a última coisa que estávamos procurando agora. A sensação de estar aqui e ser recebido assim […]. É uma emoção única e, ao mesmo tempo, de alívio, porque estávamos passando por apuros”, diz o jovem.
O gerente de vendas André Cunha, que desembarcou em Curitiba, também falou do cansaço e, ao mesmo tempo, da felicidade por estar de volta.
“Foi cansativa também a viagem, mas estamos ansiosos para ver a nossa família, abraçar nossos entes queridos, nossos amigos, e é isso. Estamos felizes por estar de volta em casa”, diz André .
A médica Amarilis Tomaz, que também estava no voo, conta que chegar ao Brasil foi um momento de felicidade, após tantas incertezas. Ela desembarcou na Base Aérea de Recife e agradeceu por estar de volta.
“A sensação, quando nosso piloto falou: ‘bem vindo a terras brasileiras’ foi algo que fez o coração de todo mundo pular um pouco de felicidade, depois de tanta loucura, de tanto caos que a gente passou. Descer aqui no Recife, nesse calor, é estar em casa de novo”, conta a médica.
Rony de Moura, que é de Niquelândia, em Goiás, diz que, apesar de estar aliviado, teme pela incerteza do momento.
“Agora está tudo muito incerto. Porque eu tava estudando e trabalhando lá. Eu posso trabalhar remotamente, mas meu trabalho pode sofrer algum tipo de mudança. Pode me obrigar a voltar pra lá, e ainda tem o curso de medicina que está pendente também. Então, é tudo muito incerto. Não tenho nada de certeza por enquanto”, diz.
O jovem conta que faltava apenas uma prova para ter o diploma. “Infelizmente, começou essa guerra e saiu do controle. Influenciou não somente a minha, mas a vida de todas as pessoas”, diz ele.
“Agora, eu só quero ver minha namorada e meu filho, e ter um pouco de descanso”, diz o estudante de medicina.
A chegada dos refugiados
Brasileiros resgatados da Ucrânia chegam à Brasília — Foto: Guilherm Mazui/g1
A aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou na base aérea de Brasília, no começo da tarde desta quinta-feira (10), trazendo brasileiros e estrangeiros refugiados da Ucrânia. O avião saiu da capital federal na segunda-feira (6) e levou 11,6 toneladas de ajuda humanitária ao país europeu, que sofre invasão russa
Os refugiados estavam em Varsóvia, na Polônia, de onde o KC-390 saiu, na quarta-feira (9). De acordo com o governo, o avião trouxe 68 pessoas, sendo 14 crianças, e 10 animais. Entre os passageiros estavam:
- 43 brasileiros
- 19 ucranianos
- cinco argentinos
- um colombiano
- oito cachorros e dois gatos
O presidente Jair Bolsonaro (PL), compareceu à base para recepcionar o grupo, acompanhado de ministros do governo. De acordo com o governo, os passageiros do voo que desembarcou na capital precisarão fazer testes para detecção da Covid-19.
Guerra na Ucrânia
A invasão russa teve início em 24 de fevereiro com ataques por ar, terra e mar em diferentes pontos do território ucraniano. De acordo com a ONU, mais de 2,3 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia.
Nesta quinta, não houve progresso quanto a um cessar-fogo no encontro que aconteceu entre os ministros de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e da Rússia, Sergei Lavrov.
O presidente Jair Bolsonaro, até o momento. tem evitado criticar o ataque russo, porém o Brasil condenou a invasão no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: G1 NOTICIAS