Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, com dados do Ministério da Saúde, identificou que 80.124 nordestinos tiveram membros inferiores amputados entre 2012 e 2021. A Bahia lidera o ranking na região e, somente no estado, foram 21.069 casos – o que equivale a 26% do total.
Ainda de acordo com a entidade, até 2020, antes da pandemia, a região Nordeste registrava uma média diária de 25,20 procedimentos. No ano seguinte, este número passou para 25,84. Nos dois anos, 18.631 nordestinos tiveram membros amputados, o que representa média mensal de 776,29.
De acordo com especialistas, um dos motivos do crescimento do número é que muitas pessoas deixaram de fazer o acompanhamento dos fatores de risco durante o período.
A médica Túlia Brasil informou que, por causa do isolamento social imposto pela pandemia, muitas pessoas deixaram de manter o acompanhamento regular das doenças e outros fatores de risco, o que propiciou o agravamento das ocorrências e, consequentemente, levou à necessidade de amputação.
“Esse número elevado de amputações que aconteceram nos últimos dois anos, com a pandemia, pode ser considerado por conta da perda dos cuidados e da prevenção da saúde como um todo”, disse.
Mais da metade dos casos envolve pessoas com diabetes. No entanto, a cirurgia para retirada de membro está também associada a outros fatores de risco, como tabagismo, hipertensão arterial e insuficiência renal crônica.
O soteropolitano Marialdo Reis faz parte dessa estatística. Em 2001, ele foi diagnosticado com diabetes. Em 2015 ele descobriu um ferimento no pé, fez o acompanhamento médico, mas precisou amputar o membro.
“Antes de fazer a cirurgia, passei cinco meses fazendo tratamento para ver se fechava o ferimento. Fui para o Rio de Janeiro fazer a raspagem do pé para ver se fechava. O pé afinou e teve que amputar”, disse o homem, que teve o segundo pé amputado em 2017.
Por causa dos fatores de risco, os especialistas recomendam que haja maior fiscalização de pessoas que fazem parte dos grupos de risco e busquem o acompanhamento médico constantemente para tratar os problemas e evitar que haja a necessidade de amputação, como última opção ao tratamento.
Fonte:G1