Os Estados Unidos e seus aliados fizeram nesta quinta-feira um alerta para que os civis deixem os arredores do aeroporto de Cabul, citando uma ameaça “muito crível” de militantes do braço afegão do Estado Islâmico. Vários países europeus, por sua vez, anunciaram que suspenderão a retirada de pessoas do Afeganistão, a cinco dias do prazo para os militares americanos deixarem o país após 20 anos de invasão.
Perante o risco de segurança, a Bélgica suspendeu suas operações de evacuação do aeroporto de Cabul, assim como a Dinamarca e o Canadá. A Holanda, que também emitiu um alerta, disse que o último voo de resgate do país decolará de Cabul sairá nesta quinta, admitindo que deixará para trás algumas pessoas elegíveis para a evacuação.
Sob controle das forças ocidentais após o Talibã retomar o poder no último dia 15, o Aeroporto Internacional Hamid Karzai tem visto cenas de caos, com milhares de afegãos se aglomerando ao seu redor para tentar embarcar em voos de fuga. Com voos civis interrompidos, contudo, poucos conseguem sair, já que a prioridade de evacuação é para cidadãos estrangeiros e aliados afegãos.
O primeiro alerta de segurança veio na noite de quarta-feira, emitido pela Embaixada dos Estados Unidos em Cabul, pedindo para que os cidadãos americanos não se dirijam para o aeroporto. Quem já estivesse nos portões, afirmou, deveria “sair imediatamente”, citando “ameaças de segurança” não especificadas.
Os governos britânicos e australiano, similarmente, emitiram avisos similares, com funcionários de Camberra destacando o risco “contínuo e muito alto de ataques terroristas”. Em uma entrevista à rádio BBC, o ministro das Forças Armadas britânicas, James Heappey, disse que a inteligência sobre um possível ataque se tornaram “muito fortes”:
“Eu não posso reforçar o desespero dessa situação suficientemente. A ameaça é crível, é iminente, é letal”, afirmou. “Nós não estaríamos dizendo isso se não estivéssemos genuinamente preocupados em oferecer ao Estado Islâmico”.
Uma fonte do governo americano disse ao New York Times que Washington está monitorando uma ameaça “específica” e “crível” do Estado Islâmico do Khorasan, ou Isis-K, na sigla em inglês, grupo terrorista que é inimigo em comum dos EUA e do Talibã. Apesar dos alertas, um diplomata ocidental em Cabul disse que os arredores do aeroporto continuam “incrivelmente lotados”.