A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reforçou o alerta sobre a situação de retorno da pandemia na Europa e lembrou que alguns países europeus com crescimento no número de casos têm índices de vacinação superiores aos do Brasil.
O aumento do número de casos e de mortes em alguns países europeus ocorre principalmente naqueles em que a cobertura vacinal não vem progredindo. A atual situação desses países, que vem sendo chamada de “pandemia dos não vacinados”, tem servido de alerta para a questão do avanço da vacinação nessas nações em que parcelas da população não vacinada vêm apresentando alto número de casos de covid-19.
“O Brasil tem hoje cerca de 60% da população com esquema vacinal completo, com uma estimativa de 1.15 óbitos por milhão de habitantes, segundo dados disponíveis Our World In Data. Entretanto, países como Áustria, Lituânia e Alemanha, com percentuais maiores da população vacinada (63,7%, 65,2% e 67% respectivamente), vêm não só enfrentando um grande crescimento de internações, principalmente entre os não vacinados, mas também no indicador de óbitos por milhão de habitantes, que se encontra em 2.23 para Alemanha, 4.00 para Áustria e 10.62 para Lituânia”, destacou a Fiocruz.
Abandono de máscaras
Os pesquisadores chamam a atenção para o abandono das ações preventivas no Brasil, especialmente a liberação do uso das máscaras e o relaxamento das medidas de distanciamento físico. Segundo os cientistas, além de ser consequência da baixa adesão populacional, esse cenário é principalmente um reflexo do desincentivo dos governos nos diferentes níveis para sua adoção.
“Definitivamente, a vacinação, descolada de outras recomendações não farmacológicas, não será suficiente para determinar o fim da pandemia”, afirmaram os pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz.
O Observatório vem acompanhando o padrão dos indicadores de distanciamento físico, concomitante à progressão na cobertura vacinal. Um valor negativo significa que há maior circulação nas ruas do que no período anterior ao início da pandemia. Valores positivos, ao contrário, indicam que as pessoas estão mais reclusas em seus domicílios.
Os indicadores de distanciamento físico analisados mostram que, no Brasil, desde meados de julho, o índice se encontra abaixo de zero. Ou seja, a população brasileira hoje tem circulado nas ruas de forma mais intensa do que antes da pandemia. “Embora esse padrão não seja homogêneo no país — há diferenças entre estados ou municípios, por exemplo –, os dados permitem dizer que se trata de uma circulação de grande intensidade. O padrão é especialmente preocupante em um cenário em que os índices de transmissão ainda são considerados altos no país.”
Fim de ano
O boletim destaca ainda a ausência de distanciamento físico no país, que deve ser observada desde o transporte público até as atividades de comércio e lazer.
Além disso, aglomerações em espaços abertos podem igualmente representar risco, já que a proximidade entre as pessoas é determinante do contágio. Somando-se a esse quadro, estarão eventos como as festas de natal e réveillon e a chegada das férias escolares.
Fonte: Agência Brasil